Foi em Dubrovnik que o conhecemos, cidade linda ao nascer do sol enquanto os milhares de turista de maquina fotográfica em punho ainda não acordaram.
Ele era pouco mais novo que nós e estava por detrás de um balcão repleto de jóias, numa ourivesaria carregada de pratas, corais, turquesas e lapiz lazuli.
Demorei a escolher, tanta era a oferta, e ele foi contando a história daquelas bolas de prata, usadas há muitos anos, séculos até, para distinguir as familias, as mais simples originárias do campo, as outras da cidade, dos nobres, da burguesia...

perguntei como se usavam ele foi falando, como botões nas mangas das camisas, como brincos pendurados nas argolas das senhoras, nos fios, o importante era o valor que tinham como identificadores das origens de cada um...

Depois foi falando da guerra, tão próxima que ainda doía, como o avô salvou a loja indo buscar tudo quando os bombardiamentos já se adivinhavam, como as escolas foram o alvo no primeiro dia de ataque, como perdeu os amigos, como viveram 9 anos do que tinham guardado uma vida inteira...

No fim escolhi a peça com a sua ajuda, pediu-me para lhe enviar uma medalha de Fátima.
Talvez para se distinguir daqueles que lhe fizeram tanto mal.
Beijos.Sara.
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